MAIS SOBRE CRUZ E SOUSA

VEJA NESTE ENDEREÇO MAIS SOBRE A VIDA E OBRA DE CRUZ E SOUSA, NOSSO MENTOR!

http://www.vidaslusofonas.pt/cruz_e_sousa.htm
DIA MUNDIAL DO ROCK
Por Alexandre Saggiorato Em 13/07/09

A maioria das datas importantes celebradas em nosso calendário requer uma reflexão sobre os acontecimentos que norteiam essa ostentação, fazendo com que nos debrucemos aos fatos e busquemos através da história a origem do dia comemorativo.
Como hoje (13/07) é o dia mundial do rock, nada melhor do que explorar esse tema tão envolvente e importante para o mundo da música jovem.
O rock originou-se nos Estados Unidos na década de 1950 e ganhou o mundo a partir daí, passando por diversas modificações sonoras e visuais. Mas é importante ressaltar que o dia mundial do rock não é apenas um dia estipulado por sua música ou pela mídia, mas também pelo seu envolvimento político e social que crescia a cada década e que foi simbolizado durante o festival de rock LIVE AID, realizado em 1985.
BOB GELDOF, compositor, humanista e vocalista da banda BOOMTOWN RATS, idealizou juntamente com MIDGE URI o evento que foi realizado no dia 13 de julho de 1985. O concerto aconteceu simultaneamente nos estádios JFK na Filadélfia nos Estados Unidos e no estádio Wembley em Londres na Inglaterra, e contou com a presença de diversos artistas, entre eles: STATUS QUO, Led Zeppelin, DIRE STRAITS, MADONNA, QUEEN, JOAN BAEZ, DAVID BOWIE, B. B. KING, MICK JAGGER, STING, U2, PAUL MCCARTNEY e PHIL COLLINS que curiosamente conseguiu tocar nos dois estádios, embarcando em um avião rapidamente após o show na Inglaterra rumo aos EUA.
O evento teve como objetivo principal e utópico, o fim da fome na Etiópia e foi transmitido pela BBC para diversos países. ERIC CLAPTON que também se apresentou no festival comentou em sua autobiografia sobre os momentos que antecederam sua apresentação no festival: “Nos hospedamos no Four Seasons Hotel, onde cada quarto estava ocupado por músicos. Era a Music City, e como a maioria das pessoas, fiquei acordado a maior parte da noite na véspera do concerto. Não pude dormir de nervoso. Deveríamos subir ao palco ao anoitecer, e fiquei assistindo às apresentações dos outros músicos na TV durante a maior parte do dia, o que provavelmente foi um erro psicológico”.
Como podemos notar nas palavras de Clapton o festival foi muito importante e tomou uma proporção monstruosa devido à diversidade de artistas a se apresentar, sem contarmos a responsabilidade dos músicos envolvidos em um projeto grandioso como esse. Para termos uma idéia, alguns artistas ainda se apresentaram em Moscou, Sidney e Japão.
Após 20 anos do evento, BOB GELDOF realizou em julho de 2005 o LIVE 8, uma espécie de “nova edição”, onde pôde contar com uma estrutura ainda maior, além da colaboração de inúmeros músicos para a solidificação de suas idéias, às quais, ainda se fundamentam em pressionar os principais líderes mundiais (o G8) para perdoar a dívida externa das nações mais pobres do mundo. Além disso, GELDOF firma-se na proposta de liberdade, ensino, cuidados médicos básicos para todas as crianças, remédios para portadores de AIDS, entre outras metas, que se depender de seu empenho, serão no mínimo amenizadas ou repensadas pelos líderes mundiais.

ROCKTONNES AO VIVO - 2010

A BANDA ROCKTONNES SE APRESENTARÁ NO SÁBADO, DIA 10 DE JULHO, EM RATONES, JUNTAMENTE COM OUTRAS TRÊS BANDAS DAQUI DA ILHA: KID JOE, SAI BUCICA E NORFOLK, NUMA FESTA QUE MISTURARÁ VÁRIOS ESTILOS DO ROCK, NACIONAL E INTERNACIONAL, INCLUINDO COVERS E MÚSICAS PRÓPRIAS.
CONFIRA A PROMOÇÃO NO ORKUT E SAIBA COMO ADQUIRIR SEU CONVITE.

ALGUMAS LETRAS E SIGNIFICADOS

FRAGMENTOS (letra: H., Melilo/música: Rocktonnes)

INFINITOS ESPIRITOS DISPERSOS
FECUNDANDO OS MISTÉRIOS DO UNIVERSO
ANDAREIS NERVOSO, QUENTE E FORTE...
PELO TROPEL CABALÍSTICO DA MORTE

ENTRE AÍS, LUTO, CONVULSÃO E DORES...
SOFRENDO EM MEIO AOS PRÓPRIOS CLAMORES
ENSAGUENTADOS CRISTOS PADECEM
NA VALA COMUM DE CORPOS QUE APODRECEM

BÁRBAROS VÃO DEMENTES E TERRÍVEIS...
ESPÍRITOS QUE ECOAM IMPASSÍVEIS
NA CARNE ESPALHAM TERROR MALDITO
NUM GRITO HUMANO, NUM HUMANO GRITO!

E NAS TREVAS OU EM FOGO ETERNO
O DEUS PAGÃO REGE O INFERNO
E EM SEU TRONO SORRIRÁ TRIUNFANTE
COM A DESTRUIÇÃO DE INCRÉDULOS ARROGANTES


(LETRA ADAPTADA DE VERSOS EXTRAÍDOS DO LIVRO BROQUÉIS E FAROIS DE CRUZ E SOUSA)

A música fala da intenção maligna de Satã em roubar os filhos de Deus para serem destruídos com ele no dia do juízo final. Para tal se utiliza de uma legião de espíritos das trevas para trazer consigo o maior número de almas humanas, afastando-as dos caminhos de Deus promovendo sua vingança final.

AUSENCIA (letra: L., Júnior/música: Rocktonnes)

CUSPINDO INJÚRIAS PARA O CÉU
AMARGO FÉU
FRIO NA ALMA DOLOROSO
FRÁGIL, NERVOSO...
SONHANDO IMENSO, INTENSO,
DIRIA PERIGOSO
SOMBRIO E CURIOSO

UM SÓ MINUTO VAGO, LUTO...
MUDO E SOZINHO (BIS)

CUSPINDO INJÚRIAS PARA O CÉU
AMARGO FÉU
FRIO NA ALMA DOLOROSO
FRÁGIL, NERVOSO...
SONHANDO IMENSO, INTENSO,
DIRIA PERIGOSO
SOMBRIO E CURIOSO

UM SÓ MINUTO VAGO, LUTO...
MUDO E SOZINHO! (BIS)

A música retrata, na verdade, uma ausência de fé em si mesmo. Alguém amargurado com a própria vida, achando-se a vítima de todos os males, mas que se abstrai naquele minuto para não fazer algo que poderia ser ainda mais danoso para si ou para os que o rodeiam devido sua fúria interior.

PESADELO (letra: H., Melilo/música: Rocktonnes)

NÃO ÉS TORVA MORTE HORRENDA,
MAS ÉS SUSPIRO DE AGONIA,
E DESSA ANGÚSTIA TREMENDA
ME LEMBRAS DE QUE LAMA SOMBRIA
COMPÕEM-SE TODA TUA MISÉRIA.

PESADELO, PESADELO, PESADELO...
NÃO CONSIGO ACORDAR!
PESADELO, PESADELO, PESADELO...
NÃO CONSIGO ACORDAR!

FEBRES ANTIGAS DE GENTIS PECADOS
TUA MENTE SEMPRE INSANA
DEMÔNIO SANGRENTO EXORTADO
AFLIGINDO ALMAS HUMANAS
NOS ARRASTANDO PARA UM SONO ETERNO!

PESADELO, PESADELO, PESADELO...
NÃO CONSIGO ACORDAR!
PESADELO, PESADELO, PESADELO...
NÃO CONSIGO ACORDAR!

JÁ NEM SEI SE REALIDADE OU SONHO
POR ONDE ANDAM TEUS GEMIDOS?
E ESSE DIVAGAR TÃO MEDONHO
DESPERTARÁ DISSONANTE ALARIDO
PERCORRENDO INDÓSSIL NOITES TRISTES...

PESADELO, PESADELO, PESADELO...
NÃO CONSIGO ACORDAR!

(LETRA ADAPTADA DE VERSOS EXTRAÍDOS DO LIVRO BROQUÉIS E FAROIS DE CRUZ E SOUSA)

Esta música retrata nada mais do que aquele momento do sono em que a sensação de impotência durante um pesadelo é extrema. Você se vê numa situação desesperadora, a beira da morte, mas que ao pressentir que não é real, ou seja, é um sonho ruim, luta insistentemente para se acordar e não consegue fugir daquela agonia momentânea, como se fosse sendo sufocada toda e qualquer tentativa, parecendo não conseguir fugir das garras da torva morte horrenda, nos arrastando para um sono eterno.

O EMPALADOR (letra: H., Melilo/música: Rocktonnes)

RITUAL MACÁBRO E SANGRENTO
DE UM SER INESCRUPULOSO
A DOSE DO SOFRIMENTO
AUMENTAVA CONFORME SEU GOZO

VLAD, VLAD, VLAD – O EMPALADOR!
PERSONAGEM DE TERROR.
EMPALADOR
DE TERROR
EMPALADOR

SÁDICA MALDADE SE ELEVAVA
QUANTO MAIS ELE QUERIA
SUAS VÍTIMAS - EMPALAVA
AS DEIXANDO EM AGONIA

O SANGUE FONTE DE VIDA
DO PRINCIPE DAS TREVAS
DIZIAM SER SUA BEBIDA
SEU TÔNICO PARA AS GUERRAS

REFRÃO

VLAD TEPES, CAVALEIRO CRISTÃO DA ORDEM DO DRAGÃO. COMBATEU FEROZMENTE O DOMÍNIO TURCO AO PEQUENO TERRITÓRIO DA VALÁQUIA, NA TRANSILVÂNIA.
COM TODA SUA LOUCURA E SUA RAIVA, DERROTAVA SEUS ADVERSÁRIOS. VÁRIOS FORAM CAPTURADOS E EXECUTADOS SOB UMA TORTURA LENTA E AGONIZANTE, O EMPALAMENTO.
E ENTRE GRITOS E GEMIDOS, VLAD OFERECIA COMO PRÊMIO À SEUS ALIADOS UM BANQUETE EM MEIO A CORPOS MORTOS, DESFALECIDOS, MUTILADOS...
ASSIM, LADO A LADO, ALIMENTO E MORTE COMBINADOS, O SANGUE COMO FONTE DA VIDA!
SURGIA ENTÃO A LENDA DO TEMÍVEL PRÍNCIPE DAS TREVAS, COM TODA FÚRIA, HORROR E MÁCULA DO VERDADEIRO CONDE DRÁCULA!!!

REFRÃO

APESAR DE TODA CRUELDADE
COMO SANTO QUERIA SER LEMBRADO
MONGE CATÓLICO MATARA
POR NÃO TÊ-LO CANONIZADO

REFRÃO
CHORUS
A música fala de Vlad Tepes (Vlad Tsépesh), príncipe da Valáquia que, no século XV, reinou a Romênia durante três curtos períodos entre 1448 e 1476, tempo suficiente para escrever seu nome na história.
A Romênia sofria com os ataques Turcos ao seu território aliada à submissão de seu Rei a Turquia, assim, esperava-se que o príncipe Tepes agisse como seu pai ao assumir o trono, mas, em vez de manter a submissão aos turcos, ele resolveu combatê-los.
Quando se tornou príncipe, Tepes deu passos largos em direção à independência da Romênia e mesmo com exército bem menor, Vlad com sua liderança conseguiu convencer os Romenos a lutarem com ele naquela que parecia ser uma tática suicida.
E nesse misto de coragem e loucura, seu desejo pelo poder fez com que ele conseguisse embates vitoriosos contra seus adversários.
No entanto, Vlad ficou famoso não exatamente por ser um líder destemido, mas, principalmente pela sua crueldade contra os inimigos e foras da lei.
Seu método predileto de execução – prática esta comum da época – era o empalamento. Era este um método torturante e agonizante, onde se utilizava uma longa estaca de madeira com uma ponta afiada a qual era introduzida no ânus do condenado. Em seguida estes – a vitima e a estaca - eram erguidos e a estaca por fim, fincada no chão. Ali ficava horas dependurado, o peso do próprio corpo descendo fazia a estaca perfurar a vítima atravessando–a de baixo para cima até a morte.
Sua perícia e crueldade nesse tipo de execução eram tanta, que Vlad se preocupava em afiar a ponta da estaca e modelá-la de maneira tal que não comprometesse muitos os órgãos internos do empalado, de maneira que prolongasse mais seu sofrimento. Não raras vezes a estaca aflorava diretamente na boca da vítima.
Apesar de lhe ser atribuído toda a sorte de atrocidades - embora um fato seja tido como verdadeiro: o empalamento em um só dia de 1700 prisioneiros turcos - lá na Romênia Vlad é tido como um herói nacional que defendeu o povo dos devastadores ataques Turco.
E por toda essa trajetória pouco invejável ele inspirou o escritor irlandês Bram Stoker a criar, em 1897, a lenda do vampiro Drácula.
fonte: revista planeta, ed 443.
Quarenta anos do início do Heavy Metal

Por Doctor Robert Em 01/10/09

1969. Um ano de vários fatos marcantes, como a chegada do homem à lua. No mundo da música, mais especificamente no rock, os Beatles terminariam definitivamente sua existência, com o lançamento de sua última obra-prima, “Abbey Road” (posteriormente ainda sairia “Let It Be”, mas já com a banda dissolvida); o The Who nos entregava sua magistral ópera-rock “Tommy”; os Rolling Stones, que ainda enfrentavam a ressaca após a misteriosa morte de Brian Jones, realizaram o fatídico show gratuito no autódromo de Altamont e lançavam “Let It Bleed”. Tivemos o acontecimento do antológico festival de Woodstock, marcando o auge e também o início da decadência do movimento flower-power da contracultura hippie. No Vietnã, batalhas cada vez mais sangrentas, ao mesmo tempo em que a guerra fria vivia seus dias mais austeros. Em meio a dias tão turbulentos, despontam no cenário musical algumas bandas com uma sonoridade mais agressiva, que são tidas até hoje como os pilares do heavy metal. Dentre elas destaque para Led Zeppelin, Black Sabbath e Deep Purple, autoras de discos que se tornariam as “bíblias” da mais pesada vertente do rock and roll.

O INÍCIO

O termo heavy metal ganhou força definitiva na década de 1980, com o surgimento da “New Wave Of British Heavy Metal”, mas a história do gênero é bem mais antiga. Com relação à mídia, embora o termo “música pesada” (“heavy music”, em inglês) já houvesse sido usado antes (para se classificar o som do Iron Butterfly, por exemplo), a primeira vez que se tem conhecimento que a expressão heavy metal foi realmente usada foi em um review de Mike Saunders sobre o álbum “Safe As Yesterday Is”, do Humble Pie, publicado na revista Rolling Stone em sua edição de novembro de 1970. Musicalmente, o metal começou ainda um pouco antes, com algumas opiniões controversas a respeito disso.
O marco inicial do metal para muitos se deu em 1968, quando os Beatles gravaram “Helter Skelter” em seu famoso e controverso Álbum Branco. Os motivos que dão base a esta tese são muitos: as guitarras saturadas e estridentes, o vocal “berrado”, a própria levada da música... Como se não bastasse, a canção composta por sir Paul McCartney (cujo título pode ser traduzido como confusão, algo fora de controle) foi citada pelo famoso Charles Manson como sua fonte de inspiração (?) para cometer o assassinato de Sharon Tate, esposa grávida do cineasta Roman Polanski, diretor de “O Bebê de Rosemary” – dentre outros disparates que o levaram gradativamente a chegar ao crime, ele acreditava que o quarteto de Liverpool eram os quatro cavaleiros do apocalipse (!!!), e que a letra de “Helter Skelter” representava a batalha do juízo final (!!!!!). Na verdade, a música se refere a um tobogã popular nos parques da Inglaterra, onde se escorregava de forma meio descontrolada, e foi uma espécie de resposta ao The Who, cujo guitarrista Pete Townshend havia dito em uma entrevista que sua canção “I Can See For Miles” era a mais barulhenta já gravada. Mas isso já é assunto para uma outra longa história...
Outros clamam que a semente do metal tem outra origem. Ainda naquele ano, pela primeira vez se usou o termo heavy metal em uma música, na letra da lendária “Born To Be Wild”. Inicialmente, a canção escrita por Mars Bonfire (nome real do guitarrista Dennis Edmonton), quando ainda integrava o The Sparrows, chegou a ser oferecida a outros artistas, como o grupo The Human Expression, mas a honra de gravá-la acabou ficando mesmo para sua nova banda, o Steppenwolf. Tornou-se famosa ao ser escolhida como música tema do filme “Sem Destino” (1969), com Peter Fonda, Dennis Hopper e Jack Nicholson, e seus versos comparavam o barulho da motocicleta a um trovão de metal pesado, “heavy metal thunder”. Relatos do próprio Mars dão conta de que sua inspiração para compor foi um pôster visto em uma vitrine de uma loja em Hollywood, com uma Harley Davidson na estrada e a expressão “Born To Ride” cravada no asfalto.
Há ainda uma terceira corrente, que recai sobre um power trio que tocava mais alto e era mais barulhento do que qualquer banda da época, o Blue Cheer, cujo nome foi retirado de um poderoso tablete de LSD que circulava pela Califórnia naqueles dias. Originalmente um sexteto, após a debandada de metade da banda, os três membros remanescentes Leigh Stephens (guitarra), Paul Whaley (bateria) e Dickie Peterson (baixo e vocal) decidiram aumentar o volume no máximo, para nas apresentações preencher o vazio deixado pelos ex-companheiros. Seu blues-rock extremamente amplificado fez sucesso com uma versão de “Summertime Blues”, de Eddie Cochran, registrada em seu álbum de estréia de 1968, que levava o curioso nome de “Vinceptus Eruptum”, que continha ainda a ótima “Rock Me Baby” e a longa e chapadona “Doctor Please”. Curiosamente, com o decorrer de sua carreira o Blue Cheer foi polindo seu som e diminuindo o volume cada vez mais, num caminho inverso à tendência que o rock seguiria. Alguns hoje classificam o estilo como “stoner rock” (se formos traduzir, rock “chapado”), outros como metal.
Se formos voltar ainda mais um pouco no tempo, temos outros momentos que são lembrados e citados também, como a primeira música a apresentar distorção nas guitarras, “You Really Got Me”, do The Kinks, de 1964 (aquela mesma posteriormente regravada pelo Van Halen em seu disco de estréia). Muitos especialistas chegam até mesmo a elencar o lendário Cream, de Eric Clapton, Jack Bruce e Ginger Baker, como pais do som pesado (hipótese a ser considerada, principalmente com relação às elétricas performances ao vivo do trio), bem como o próprio The Who, que além de tocar alto, quebrava tudo no palco, literalmente. Mas, por fim, todos os caminhos acabam sempre levando ao mesmo denominador comum, apontando para as três bandas que dão título a esta matéria como os grupos seminais do estilo.

LED ZEPPELIN

O Led Zeppelin foi uma banda que desde o início já tinha cara de super grupo, afinal era formado pelo ex-guitarrista dos Yardbirds, Jimmy Page, junto ao polivalente e conceituado músico de estúdio John Paul Jones, tendo ainda o exímio John Bonham nas baquetas (com sua incrível capacidade de conciliar peso e swing na medida certa) e a grande revelação Robert Plant nos vocais. Vale lembrar, como curiosidade, que o Zeppelin recebeu seu nome após uma piada dos eternos e saudosos Keith Moon e John Entwistle, do The Who – certo dia, os dois estavam junto a Jimmy Page e Jeff Beck, cogitando a possibilidade de fazerem um som juntos, e em certo momento Moon disse que essa banda decolaria tão bem quanto um balão pesado, onde completou Entwistle: “um zepelim de chumbo”.
Contratados pela Atlantic Records, lançam em 1969 seu début, que levava o nome do próprio grupo e fora produzido pelo próprio guitarrista Jimmy Page (com assistência de Glyn Johns, como engenheiro de som). Já tínhamos nele uma boa amostra do que viria pela frente em sua brilhante carreira: alternavam-se canções com guitarras pesadas e uma forte pegada de bateria, como em “Communication Breakdown”, “Good Times, Bad Times” e “Dazed And Confused”, com belas dobradas de guitarra e baixo, tal qual se ouve na fantástica faixa de encerramento, “How Many More Times”, belos temas acústicos, como “Black Mountain Side”... Havia ainda regravações de temas de blues, como “You Shook Me” e “I Can’t Quit You”, de Willie Dixon. O álbum foi gravado em uma mesa de quatro canais, com os quatro tocando ao mesmo tempo, aproveitando-se do reverb e eco que o estúdio produzia, gerando um som único. Num tom de total reverência, Tom Hamilton, baixista do Aerosmith, disse certa vez: “na primeira vez que ouvi o primeiro álbum do Zeppelin, tive a sensação de que Deus estava saindo pelas caixas de som”. Embora a crítica especializada da época não tenha dado muita bola, foi grande sucesso de vendas.
Como se não bastasse, no mesmo ano ainda chegava às prateleiras outra pedra preciosa que daria continuidade a tudo: “Led Zeppelin II”, produzido novamente por Jimmy Page (agora com Eddie Kramer como engenheiro, notório colaborador de Jimi Hendrix). Alguns seguidores da banda preferem este álbum ao primeiro, afinal ele trazia de cara “Whole Lotta Love”, e tinha ainda no decorrer do disco “Heartbreaker”, “The Lemon Song”, “Living Lovin’ Maid”, “Moby Dick” (com direito ao fantástico solo de bateria de John Bonham), a belíssima balada “Thank You”, “Ramble On”, e “Bring It On Home”, que fechava com chave de ouro. Fã confesso da banda, Steve Vai conta que decidiu tomar aulas para aprender a tocar guitarra quando ouviu pela primeira vez “Heartbreaker”. O álbum foi gravado em vários estúdios diferentes, nos intervalos entre um ou outro show da turnê de seu primeiro trabalho. John Paul Jones cita que muitas das idéias e riffs surgiam no palco, principalmente nos longos improvisos de “Dazed And Confused”. Foi também o primeiro álbum a atingir simultaneamente o número um das paradas nos EUA e na Inglaterra.
O Zeppelin fez história. Praticamente toda sua discografia é tratada como obra-prima. Sobre os músicos, o que mais dizer? Com seus grandes e exóticos arranjos e sua extensa exploração de afinações alternativas, Page logo galgou seu lugar junto aos deuses da guitarra – quem nunca ficou embasbacado ao ouvir seus riffs e solos inspirados, ou ao vê-lo empunhando um arco de violino para tirar sons inimagináveis de seu instrumento? John Paul Jones é admirado cada vez mais por sua versatilidade e capacidade musical, Robert Plant é, sem dúvidas, uma das maiores vozes da história do rock, e John Bonham até hoje é referência para qualquer cidadão que ouse segurar uma baqueta – uma pena que nos tenha deixado tão cedo.

BLACK SABBATH

Após alguns anos tocando blues em clubes locais sem muito dinheiro ou repercussão, o quarteto da cidade industrial de Birmingham chamado Earth dá uma guinada em sua carreira em 1969. Mudam seu nome para Black Sabbath, inspirados em um filme de terror com Boris Karloff que levava este nome, e passam a apostar numa sonoridade mais arrastada e assustadora. Com sua guitarra SG saturada e cortante, Tony Iommi já demonstrava, desde o início, ser o mestre dos riffs. Ozzy Osbourne podia não ser o melhor vocalista do mundo, mas já era dono de um carisma inigualável. A cozinha formada por Terry “Geezer” Butler e Bill Ward era ainda bastante coesa e inspirada. Foi apenas questão de tempo então até conseguirem se firmar no cenário. Após algumas apresentações com o novo nome e a divulgação de um single (“Evil Woman”), conseguem um contrato com a gravadora Vertigo para lançar seu primeiro trabalho, que fora gravado e mixado em, acreditem, apenas três dias, tendo a produção assinada por Rodger Bain.
Para dar uma atmosfera mais sombria, o ótimo disco de estréia, que levava o próprio nome da banda, foi lançado em uma sexta-feira 13, em fevereiro de 1970. A capa do play já era extremamente assustadora para a época (na época, muitos juravam ser uma foto real de uma bruxa). Ao colocar o vinil para rolar, então, muitos já sentiam todos os calafrios possíveis: a introdução da faixa “Black Sabbath”, que dava início a tudo, com aquele barulho de sino ao fundo de uma chuva torrencial, precedia um riff magistral de guitarra (tocando o que no mundo medieval era chamado de “a escala proibida”, pois se acreditava que aquela sequência de acordes o demônio era invocado). Era de arrepiar até os mais céticos. E quando Ozzy começa a cantar “O que é isso que se depara diante de mim?”... Mas o álbum não se resume apenas a isso, afinal ele tinha ainda outros grandes momentos, como a clássica “N.I.B.” (alguém se arrisca sobre o que significa a sigla?), “The Wizard”, “Wicked World”... A produção crua ajudava ainda mais no clima. A crítica especializada, entretanto, caiu matando. O famoso Lester Bangs (o mesmo que foi retratado no filme “Quase Famosos”) citava em sua resenha: “parece com o Cream, só que muito piorado”. De qualquer forma, conseguiu boa repercussão.
Após alguns shows, o Sabbath voltaria a estúdio ainda naquele mesmo ano. Com várias canções prontas, compostas durante a turnê (como era praxe na época), reúnem-se com o produtor Rodger Bain e, em poucos dias novamente, gravam seu segundo álbum e aquele que, para muitos, é sua melhor obra até hoje. Inicialmente o vinil levaria o nome de “War Pigs”, a clássica faixa que abre o trabalho, num protesto claro contra a guerra do Vietnã – tanto que a capa trazia um soldado estilizado, de capacete, espada e escudo nas mãos. Com medo de alguma represália ou censura, atendem aos pedidos da gravadora e mudam o nome, batizando-o com o título de uma nova canção que, segundo o baterista Bill Ward, foi totalmente composta em pouco mais de vinte minutos no próprio estúdio: “Paranoid”. Compõem o registro, ainda, a psicodélica “Planet Caravan”, a antológica “Iron Man” (e um dos riffs de guitarra mais tocados até hoje na história), a instrumental “Rat Salad”, “Electric Funeral”, “Fairies Wear Boots”... Que discaço, não? Não é à toa que Billy Corgan, do Smashing Pumpkins, declarou: “ouvir os primeiros discos do Black Sabbath foram os momentos mais sublimes da minha vida”. Como não poderia deixar de ser, a carreira do Sabbath daí pra frente engrenou de vez, tendo criado ainda outras grandes obras, seja com Ozzy ou sem ele, até os dias atuais – mesmo usando outro nome, para evitar conflitos judiciais.

DEEP PURPLE

Embora só tenha conhecido de fato o sucesso em 1970, o Deep Purple já tinha uma boa história pra contar. Formado em 1966, o quinteto trazia em sua formação nos primeiros trabalhos de estúdio os fundadores Ian Paice na bateria, Jon Lord nos teclados e Ritchie Blackmore nas seis cordas, tendo o time completado pelo vocalista Rod Evans e pelo baixista Nick Simper. O nome do grupo, como se sabe, foi retirado de uma antiga canção romântica que a avó de Blackmore gostava bastante. Contratados pela Harvest, gravadora subsidiária da gigante EMI, lançaram três álbuns de estúdio, “Shades Of Deep Purple”, “The Book Of Talesyn” e “Deep Purple”. Tiveram um único e modesto hit, a regravação de “Hush”, de Joe South, que fazia parte de seu primeiro trabalho – que continha ainda covers de “Help!”, dos Beatles, e “Hey Joe”, popularizada por Jimi Hendrix.
Em 1969 ocorre uma mudança crucial no histórico da banda: a entrada dos ex-membros do Episode Six, o vocalista Ian Gillan e o baixista Roger Glover, substituindo Evans e Simper. Lançam o ousado álbum ao vivo “Concert For Group And Orchestra”, gravado no Royal Albert Hall, já com a nova formação, mas não conseguem muito êxito comercial. Porém nos palcos que sua reputação era cada vez mais elogiada, com comentadas performances elétricas e contagiantes – em especial Blackmore, cada vez mais alucinado e influenciado por Jimi Hendrix, trocando de vez sua velha Gibson Semi-Acústica pela Fender Stratocaster e desenvolvendo gradativamente sua “atuação” nos extensos improvisos instrumentais, onde girava, pisava e jogava para o alto o instrumento. Como estavam prestes a lançar um novo trabalho, com a nova formação, que tal então tentar levar toda essa energia para o estúdio?
Trabalhando junto a jovens engenheiros de som, como Andy Knight, Phil McDonald e Martin Birch (que se tornaria colaborador fixo da banda naquela década, bem como do Rainbow, Whitesnake e Iron Maiden anos depois), o Purple passa a tocar e gravar “ao vivo em estúdio” e aposta suas fichas numa sonoridade mais agressiva e pesada (onde, inclusive, o órgão Hammond de Lord passou a ser ligado simultaneamente em uma caixa Leslie e em um amplificador de guitarras Marshall – ganhando seu som característico e o carinhoso apelido de “A Besta”). Destaque também para as notas altíssimas que podiam ser atingidas por Gillan, além de seu timbre espetacular, e para a ótima cozinha formada por Glover e Paice, fazendo um ótimo pano de fundo para os solos intrincados da dupla Blackmore/Lord. O resultado foi “Deep Purple In Rock”, que veio ao mundo em junho de 1970 e foi uma verdadeira porrada na cara dos mais conformistas.
A abertura ensurdecedora com “Speed King” já era garantia absoluta para incomodar qualquer vizinhança. A épica “Child In Time” até hoje é considerada uma de suas melhores músicas. Isso tudo sem falar em “Bloodsucker”, “Into The Fire”, a empolgante “Flight Of The Rat”, “Living Wreck” e a pesadíssima “Hard Lovin’ Man” (“dedicada” a Birch). Complementando tudo, uma capa inesquecível, com os rostos dos integrantes da banda substituindo os presidentes americanos no monte Rushmore. Ah sim, faltou ainda falar de “Black Night”, que havia sido lançada paralelamente como single e foi um hit absoluto, mas ficou de fora do álbum por causa da limitação de espaço enfrentada em tempos de vinil. “In Rock” merece o status de obra-prima, sem dúvida. Bruce Dickinson, por exemplo, já afirmou diversas vezes que este é seu disco favorito de todos os tempos. Jon Lord sempre cita-o como o melhor trabalho do Purple.
Mas o álbum não é uma unanimidade como o melhor disco da banda entre os fãs do quinteto: para a maioria o título fica com “Machine Head”, lançado dois anos depois (entre eles houve ainda o ótimo “Fireball”). O famigerado álbum gravado no saguão de um hotel abandonado em Montreux, na Suíça, com um estúdio móvel dos Rolling Stones, traz uma relação de sete músicas que falam por si próprias: “Highway Star”, “Pictures Of Home”, “Maybe I’m a Leo”, “Never Before”, “Smoke On The Water”, “Space Truckin’” e “Lazy”. Clássico absoluto e incontestável do rock and roll. Existe alguém no mundo que já teve uma guitarra nas mãos e nunca tentou tocar o riff de “Smoke On The Water”? O curioso é que a canção, uma espécie de diário de bordo resumido das gravações, inicialmente não foi a grande aposta do disco. Tanto que o primeiro single foi “Never Before”, que trazia em seu lado B a bela “When a Blind Man Cries”, executada até hoje nos shows da banda. Produção da própria banda, mais uma vez, sob a tutela de Martin Birch. Foi nesta turnê que o Purple gravou o antológico álbum ao vivo “Made In Japan”, outro álbum obrigatório de sua extensa discografia.

40 ANOS DE METAL

40 anos. Mesmo não sendo mais criança e já tendo cabelos grisalhos, o heavy metal continua aí, incomodando muita gente e sendo fonte de alegrias e inspiração para os seus milhões de fãs e seguidores ao redor do mundo. E mesmo com sua data de aniversário correta ainda gerando divergências e debates, é um fato a ser celebrado, com o volume bem alto, e com as mãos para o alto, fazendo os indefectíveis “chifres” do “mallochio”, tão difundido por Ronnie James Dio (essa já é mais uma outra história...).
Para encerrar, fica uma sugestão ao leitor: caso ainda não tenha assistido, vale a pena ver o excelente documentário “Metal – Uma Jornada Pelo Mundo do Heavy Metal”, de Sam Dunn e Scot McFadyen, que traça e explora uma verdadeira árvore genealógica do gênero. E aos leitores mais jovens: se por um acaso você ainda não tem nenhum dos citados registros em sua humilde coleção, ou nunca sequer ouviu nenhum deles, trate de recuperar este tempo perdido... Compre, empreste, grave, faça um download, mas não fique jamais sem conhecer estas verdadeiras enciclopédias do rock.
P.S.: Pra matar de vez a dúvida, a sigla “N.I.B.” não significa “Nativity In Black”, como a maioria acha que seja, principalmente depois do lançamento de dois tributos ao Black Sabbath levando este nome. De acordo com Tony Iommi, o título foi simplesmente uma referência à barbicha que Bill Ward tinha, e que se parecia com a ponta de um pincel fino, daqueles usados pelos artistas plásticos para assinar seus quadros, cujo nome em inglês é “pen-nib”. Como o “tinhoso” popularmente é conhecido por ostentar um cavanhaque parecido, e a canção é escrita do ponto de vista dele, criou-se a misteriosa sigla para atiçar as mentes dos ouvintes.

Fontes de pesquisa para a matéria: Wikipedia, Whiplash, Rolling Stone, LedZeppelin.com, BlackSabbath.com, Deep-Purple.com

ROCKTONNES MISTURA ROCK COM POESIA


A banda ROCKTONNES fala do ser humano em sua essência, com seus conflitos, suas angústias, suas frustrações, suas ambigüidades e suas contradições.
Muitas vezes utilizam para tal a poesia simbolista de Cruz e Sousa, misturando às suas letras pensamentos, palavras, frases, citações enfim, da obra do poeta em suas composições.
Vejam por exemplo passagens como: “Infinitos espíritos dispersos”, ou, andareis “nervoso, quente e forte” e ainda, pelo “tropel cabalístico da morte” do poema ANTÍFONA além de “Vala comum de corpos que apodrecem” retirada de TÉDIO, entre outras na canção intitulada FRAGMENTOS, por ser sim, boa parte composta com fragmentos de poesias de Cruz e Sousa mescladas a capacidade inserciva da banda.
Outra composição começa com a frase “Cuspindo injúrias para o céu...” do poema CANÇÕES NEGRAS e segue com palavras alternadas como “um só minuto, vago, luto, mudo e sozinho” de AUSÊNCIA MISTERIOSA na música que ficou simplesmente intitulada como AUSÊNCIA.
Já em PESADELO tem-se outra enxurrada de palavras e frases magistrais do mestre Cruz e Sousa do tipo “Não és, ..., torva morte horrenda”, ou, “Febre antiga de gentis pecados” dos respectivos poemas NOIVA DA AGONIA e REGENERADA.
Outra canção que utiliza frases arrebatadoras e fortes do poeta é KAOS que nos brinda com “Carnes que amei sangrentamente” do poema DILACERAÇÕES, neste caso foi substituida a última palavra por “secretamente” e “sentimentos carnais, estes que agitam” do poema SENTIMENTOS CARNAIS.
Também é possível perceber a influência do autor na música CLOWN, que nada mais é do que a visão da banda, mais precisamente do baterista Jr., sobre o poema ACROBATA DA DOR.
Assim, é fácil perceber a ligação da banda com Cruz e Sousa que “assina” sua “co-autoria” em mais da metade das músicas do quarteto e, entender o poder que este exerce no trabalho do grupo, inspirando, merecidamente, uma música escrita especialmente para o autor, denominada CISNE NEGRO, título pelo qual era conhecido em meio à classe intelectual, cuja letra fala sucintamente sobre sua vida, sua trajetória e seus desenganos.
Portanto, ROCKTONNES na sua simplicidade musical, é permeado pela riqueza poética de um dos maiores poetas pós- românticos brasileiros e, embora possa parecer estranho, à primeira vista, misturar poesia com rock pesado, veremos que neste caso a combinação é extremamente bem sucedida.
Imaginem então, de um lado Cruz e Sousa, “poeta do ritmo sincopado, das extravagâncias vocabulares e da sonoridade fantasmática, oral e transparente” (Carlos Henrique Schroeder), do outro Rocktonnes tratando, literalmente, da natureza humana naquilo que lhe é mais perturbador.
Resultado: ambos se completam, preenchem-se criando uma sonoridade forte, marcante e compassada, algumas vezes soando como um lamento, outras, como um entusiasmo suplicante.

Por Hugo Ricardo Melilo em 22 de maio de 2010.